Artrose da base do polegar ou Rizartrose

A Artrose da base do polegar ou Rizartrose, é a artrose mais frequente da mão e das mais frequentes de todo o corpo. Esta patologia origina dor muito incapacitante, tipicamente localizada na zona de transição entre o polegar e o punho, surgindo quando é necessário “prender” algo ou fazer força com o polegar. É uma dor muito “fina”, por vezes semelhante a um choque eléctrico, provocando “perda momentânea da força” e limitando o paciente na preensão de objectos ou executar tarefas que necessitem de força no polegar. O polegar é o dedo mais importante da mão, sendo responsável por mais de metade da função manual. Os movimentos do polegar resultam de um longo mecanismo de adaptação do homem desde tempos ancestrais.

A Rizartrose é a artrose da chamada articulação trapézio-metacarpiana, responsável pela transmissão da força do polegar para a mão. Esta articulação é muito importante na mobilidade do polegar e tem a forma de “sela de montar”, que lhe permite ter mobilidade em todas as direcções. Esta é sujeita à transmissão da força feita no polegar, mas 10 vezes superior, pois é concentrada em um ponto (factor para maior desgaste). Além dos factores degenerativos, na sua origem estão: doenças reumatismais (ex. artrite reumatoide, lúpus, psoríase) ou traumatismos. Na artrose, as articulações vão perdendo a cartilagem sem a qual não existe harmonia nos movimentos, motivando dor e restrição. Associadamente há degradação dos ligamentos, ficando estes incompetentes e evoluindo para a típica deformidade do polegar.

Tal como no Síndrome do túnel cárpico, a Rizartrose tem maior incidência nas mulheres e a partir da menopausa. Para além de factores hormonais, a anatomia tendinosa e ligamentar feminina é mais “frágil” para o desenvolvimento de artrose no polegar. Nos homens está associado a sobrecarga crónica, como acontece nos “trabalhadores de força”.
A rizartrose pode surgir de dois modos: lento e progressivo ou súbito após um esforço. Porém, evolui mantendo sempre dor, ainda que ligeira. Quando a dor e a limitação de movimentos são importantes, como é o simples descascar de um alimento, os pacientes procuram ajuda médica. Na fase inicial, a Rizartrose pode ser confundida com “tendinites” ou inflamações do punho, mas a avaliação clínica rigorosa faz a confirmação.

O tratamento na fase inicial incide no controlo da dor com analgésicos, talas de imobilização provisórias por curtos períodos (evitando a atrofia muscular do polegar) ou na realização de um protocolo de reabilitação / fisioterapia específico. A injecção de corticoide peri-articular (“mini-infiltração”) pode melhorar a dor, mas num curto período de tempo. Como a evolução da doença é progressiva, apenas o tratamento cirúrgico será a opção; este será decidido no momento em que as limitações interferirem nos gestos da vida diária.

Existem várias técnicas cirúrgicas que modificam a articulação, melhorando o movimento nas zonas onde existe a artrose, geralmente com bons resultados.
Nos últimos 5 anos, o desenvolvimento de técnicas e novos materiais na cirurgia artroscópica da mão (cirurgia por vídeo-câmara), permitiram enormes evoluções na Cirurgia da mão, como é o caso da Rizartrose. Através de uma micro-câmara de 1,9 milímetros, observa-se o interior da articulação e faz-se a sua reparação através de 2 mini-orifícios na base do polegar. A técnica artroscópica permite preservar os ligamentos, tendões e osso, que não acontece nas técnicas “clássicas”. Outra opção é a colocação de uma prótese metálica no local da artrose, contudo é uma opção mais invasiva, “artificial” e com maior possibilidade de complicações. Os resultados cirúrgicos são de uma maneira global positivos: eliminação da dor. A técnica artroscópica, pela mínima agressividade, tem menor taxa de complicações, permitindo uma reabilitação mais rápida e com menos dor. Realiza-se em regime de ambulatório (regresso a casa no próprio dia) e permite obter uma maior força de preensão do polegar.

A recuperação poderá ir até às 4/5 semanas, atendendo à necessidade de haver uma cicatrização da articulação. Para minorar o período de recuperação é realizado um protocolo de reabilitação específico. No futuro, é provável que técnicas de regeneração bio-tecidular revolucionem a cirurgia da artrose.

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