Nódulos na palma da mão e dedos

O aparecimento de “caroços” ou nódulos duros na palma da mão e dos dedos, por vezes dolorosos e que obrigam os dedos a dobrar, indicia a presença da Doença ou Contractura de Dupuytren. Esta doença foi descrita por um Cirurgião Francês em 1834.

A Doença de Dupuytren manifesta-se pelo aparecimento de zonas duras na pele da palma da mão e dos dedos, semelhantes a “caroços” ou pequenas “cordas” que crescem lentamente e diminuem a mobilidade dos dedos. O crescimento dos nódulos ou cordas vai progressivamente “puxando” os dedos, obrigando-os a dobrar e a ficarem impossibilitados de se “esticarem” completamente. Atinge todos os dedos, mas é mais frequente no dedo mínimo e anelar.

A Doença de Dupuytren é hereditária e parece ter tido origem nos povos do Norte da Europa, nomeadamente nos Celtas. Estes a partir do seculo VI, migraram para a Península Ibérica onde deixaram os seus descendentes até hoje. Nessa altura, as limitações desta doença (dedos sem extensão), impediam que os arqueiros conseguissem lançar as flexas.

Surge predominantemente no sexo masculino a partir dos 50 anos e em alguns casos o seu rápido desenvolvimento, está associado a hábitos alcoólicos e tabágicos. A evolução é contínua e por surtos, manifestando-se por dor e perda da capacidade de mobilizar os dedos, logo diminuindo a função manual. Na realidade, a Doença de Dupuytren deve-se a um espessamento de uma estrutura da camada profunda da pele, designada de Fáscia palmar. A fáscia palmar tem uma anatomia complexa, ocupando toda a palma da mão e estendendo-se até aos dedos por bandas ou “cordas” digitais.

A Doença de Dupuytren não tem cura, mas pode ser controlada cirurgicamente. Na fase inicial não causa limitações, mas necessita vigilância. A reabilitação / fisioterapia não impedem a sua evolução; apenas a aplicação de um anti-inflamatório local pode em alguns casos desacelerar a doença.

A decisão de avançar para cirurgia deve ser tomada precocemente: quando os dedos já não fazem a extensão completa ou quando existe dor nas actividades de sobrecarga. Assim, evita-se que a perda de mobilidade dos dedos se transforme em rigidez, muito difícil de recuperar. A cirurgia é eficaz, consistindo na remoção das bandas e nódulos fibróticos para os dedos voltarem a fazer extensão.

A cirurgia é delicada e rigorosa na selecção dos tecidos a remover, pois a fáscia palmar está entre os tendões, nervos e vasos dos dedos. Qualquer lesão destes é grave e de difícil resolução. Por este motivo, é fundamental ao Cirurgião da Mão usar óculos de ampliação durante a cirurgia. O reaparecimento da doença é sempre possível e mais frequente quando surge na idade jovem.

A Cirurgia da Mão, acompanhando a evolução das técnicas minimamente invasivas, utiliza em casos selecionados a técnica percutânea. Esta técnica não deixa qualquer cicatriz e evita as complicações da cicatrização da pele: cicatriz retráctil e pouco estética. Recentemente surgiu uma nova técnica: injecção local de uma substância que “digere” os nódulos e cordas: colagenase. A opinião do autor não é favorável a este método atendendo à possibilidade de lesão / fragilização de tendões e reacções alérgicas.

A recuperação é geralmente rápida na cirurgia “clássica” (2 -3 semanas) e imediata (3 dias) na cirurgia percutânea. Após a cirurgia, deve seguir-se um protocolo de vigilância específico para evitar o reaparecimento.

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